1999-07-19

Sonho

O nosso olhar cruzou-se. Uma onda de desejo estremeceu-me. Imaginei que estavamos sozinhos. Aproximei-me de ti até as nossas bocas ficarem à distância de um palmo. A minha mão avançou até ao teu rosto. De subito um turbilhão envolveu-nos. As nossas bocas mergulharam sofregamente uma na outra e os nossos corpos procuraram-se com ansiedade.
A razão desapareceu. Tudo o que importava era o prazer que buscavamos um no outro. De subito encontramo-nos livres de roupas. A minha lingua e as minhas mãos exploraram o teu corpo, até ao teu reduto mais intimo. O prazer que obti ao sentir o teu prazer e o teu orgasmo quando me detive no teu sexo, seria já suficiente.
Mas não o foi para ti. Qual gata selvagem atacaste-me saltando para cima de mim. Gritamos de prazer quando os nossos sexos se fundiram. Cavalgas-te-me sofregamente, enchendo-me de prazer louco. O orgasmo chegou, mas não foi suficiente para nos satisfazer. Acalmamos um pouco, deixando que os nossos corações recuperassem um pouco. Os nossos corpos não queriam se separar. O tempo tinha parado e o mundo deixado de existir.
O prazer que partilhamos durou uma eternidade. Não houve limites na busca do prazer em comum. Todas as possibilidades foram tentadas, todos os recordes foram batidos. O tempo teimava em não andar e o mundo continuava adormecido.

De subíto tudo desapareceu. Ali estavamos nós no meio das pessoas. Senti-me como se estivesse perdido no meio da multidão. Olhei para ti, retribuiste-me o olhar. A segurança voltou. Apercebi-me dum brilhozinho diferente nos teus olhos. Parecia que algo se tinha passado.

Se nesse momento podesse adivinhar o que te ía na mente, teria descoberto que o meu sonho não fora meu, mas sim nosso, pois aconteceu em conjunto e em simultâneo no meio da multidão.