2006-12-31

A 15 metros da praia ou "É isto o Portugal?"

É isto o Portugal?
É isto o Portugal?
É isto o Portugal?
A pergunta era repetida como um grito de raiva por aquele senhor que a tudo assistiu impotente na praia, vendo morrer um a um aqueles pescadores, naquelas águas tumultuosas, até à chegada dos meios de socorro.

Num país com uma costa como a nossa, com julgo eu 900km, teria que haver meios de emergência e socorro montados, de forma que a partir de um alerta, em poucos minutos houvessem meios de socorro no local.
Os meios de emergência devem ser proporcionais aos riscos existentes, este é um principio básico da segurança. Será que os riscos de naufrágios na nossa costa não justificariam rever todos os procedimentos existentes, acabando com toda a burocracia e tranferências de coordenações, criando uma estrutura operacional altamente qualificada e eficaz. No fundo, um 112 para o mar.

Outra questão que já li hoje, tem a ver com as circunstâncias do naufrágio. Pelo que entendi os pescadores não teriam os coletes de salvação vestidos. E o barco não deveria também ter meios de socorro próprios, boias, insufláveis, botes? Do que sabemos sobre a pesca é que é um trabalho duro, ingrato, mal pago. Será possível ao dono de um barco como este, ter todos estes meios? Ou ainda primeiro, será obrigatório? E se sim, será controlado? E os pescadores, terão formação sobre os procedimentos de segurança, como deverão ter todos os trabalhadores neste país? E ser-lhes-ão distribuidos os Equipamentos de Protecção Individual?

Da forma que sucessivas politicas governativas colocaram este sector, duvido seriamente que estas perguntas tenham respostas positivas. E é com tristeza e revolta que assistimos ao martirio destes portugueses e respectivas familias que por nascerem e viverem de e para o mar, continuam a sofrer as percas dos seus familiares. Só em Caxinas foram 79 em 26 anos. o que dá cerca de 3 por ano.

E fica a questão:
É isto o Portugal?
Um país que quer ser do primeiro mundo, e em que seis trabalhadores morrem a 15 metros da praia, no decorrer do seu trabalho, esperando pelos socorros que eles e todos nós pagamos com os nossos impostos?
É isto o Portugal?

2006-12-30

O fim de dois ditadores

Que Saddam foi um ditador, com vários crimes no seu passado, ninguém dúvida. Que deveria ser julgado também.

Quanto à pena de morte, a questão tem a ver se somos a favor ou contra. Eu pessoalmente sou contra. A pena de morte associo-a a épocas de obscurantismo passadas. Que infelizmente ainda perduram neste mundo actual.

Ironias da história. No mesmo mês morreram dois ditadores. Um de morte natural outro condenado à pena de morte. O primeiro porque defendeu os interesses dos grandes e poderosos deste mundo, teve direito à sua velhice e até a alguns elogios envergonhados. O segundo porque mordeu a mão que o alimentou (os mesmos grandes e poderosos deste mundo), teve este fim.


Pinochet teve tudo a seu favor. Nunca foi julgado e até o calendário o ajudou. Até 2001, o 11 de Setembro era o dia em que se assinalava o golpe sanguinário no Chile. Depois desse ano os noticiários esqueceram esse triste acontecimento.

E agora com a carta por ele deixada, qualquer ficamos a saber que ele foi um herói, pois salvou o mundo ocidental dos horrores do comunismo.

E o Saddam, não terá também, pelo menos adiado, a expansão do fundamentalismo Xiita? Se ele tivesse sido mais esperto, estaria agora a gozar a sua reforma com os seus filhos e netos.

A propósito do referendo

Ou é da época natalicia, ou eu ando distraído, ou ainda está tudo muito calmo acerca do referendo de 11 de Fevereiro. Os únicos sinais que vi foram uns posts em alguns blogs e uns outdoors, pelo Não. Aliás um era mesmo infeliz, qualquer coisa como o meu dinheiro não vai servir para financiar clinicas de aborto. Se eu tivesse duvidas, este cartaz far-me-ia votar pelo Sim.

Nas próximas semanas deve começar a gritaria. Provavelmente com o barulho vai-se conseguir baralhar a discussão e passa-se a discutir se se é a favor ou contra a IVG, em vez se se é a favor ou contra a despenalização da IVG.

Porque contra o aborto ninguém é a favor. A decisão de abortar nunca é fácil e também não é fácil passar pela experiência. As razões são muitas e algumas mais válidas que outras, e cada um em consciência deverá decidir o que fazer. Não é por ser ilegal que não se fazem abortos todos os dias em Portugal e se vai a Espanha fazê-los. E será necessário ainda piorar a experiênica de quem tem que passar por tudo, associando a ilegalidade e o risco de condenação?

Outra coisa é ser a favor da condenação das pessoas que decidem fazer a Interrupção Voluntária da Gravidez. Acharão que por ser legal haverá mais pessoas a fazê-lo, passará a ser uma rebaldaria? Será que estas pessoas quando ouvem na TV, noticias da condenação de algumas mulheres que foram apanhadas numa parteira que fazia "desmanchos" ficam satisfeitas por se fazer justiça? Desconhecem, ou não querem saber que essas desgraçadas só foram apanhadas e condenadas, porque não tinham dinheiro para ir a boas clinicas em Portugal ou em Espanha?

Posso estar a ver mal o problema e sei que haverá quem discorde destas linhas, mas penso que a verdadeira questão deste referendo é saber se as mulheres deste país deverão continuar a ser condenadas por fazer IVG? Aquelas que não têm dinheiro, claro, pois essas é que correm mais riscos de ser apanhadas, por não poderem ir às boas clinicas.

2006-12-24

Frank Zappa (uma homenagem)

Naquela altura existiam os que ouvíamos Zappa e os outros.

Inca Roads

yo mamma

Uma musica da minha vida

2006-12-23

Solsticio de Inverno

O Natal foi a adpatação cristã das festas pagãs do Solsticio de Inverno. Assim como os Santos Populares são a do Solsticio de Verão.

E porque o Homem faria este festejo? Por acabar o tempo em que os dias diminuem e começar um novo ciclo? O Natal está associado ao nascimento. Ou para melhor aguentar todo este periodo de frio, chuva e escuridão e toda a melancolia, tristeza e depressão associada?

E hoje, porque festejamos? Alguns por razões religiosas, outros porque aqueles festejam e ficou establecida esta festa no nosso calendário, como a festa da familia.

Desta forma conseguimos que todos os que estão sós, sem familia ou afastados dela, doentes, solitários, o sintam ainda mais. Como que a lembrar-lhes que nós, a Sociedade não gostamos de pessoas que sofrem.

2006-12-16

E se tivesse sido assim?

A loucura, a inconsciência, o desejo, foram mais fortes. Venceram a razão e os compromissos.
Arrancaram, deixaram para trás tudo aquilo que eram as suas vidas. As desculpas apresentadas soavam a falsas, mas naquele momento estavam dispostos a correr todos os riscos. A seguir logo se veria.
Mal chegaram ao destino, os seus corpos procuraram-se e não mais se separaram.
Promessas correram, planos idealizaram-se, certezas foram dadas.
O tempo correu. Mais depressa do que o desejavam. A angustia começou a impor-se. Como seria depois?
...
Depois encontraram-se como o faziam todos os dias. A unica diferença, que só mesmo um espectador conhecedor detectaria, é que o sorriso e o brilhozinho nos olhos eram mais doces e partilhavam um segredo. E que o lento beijo circunstancial que davam, era acompanhado de um longo encher do peito de ar para melhor, sentirem o odor de cada um.

O tempo tratou do resto. E daquela loucura ficou uma grande e sólida amizade.

Um rato no labirinto

Há um livro de BD que se chama qualquer coisa como o Rato no Labirinto. Está ali na sala ao lado, mas também não vou ver o nome certo. Esse livro vem-me por vezes à memória, pois embora queiramos pensar que controlamos as nossas vidas, somos como ratos em labirintos.
Temos muitas ruas e caminhos, alguns sem saída, outros que nos levam a novos caminhos que por vezes já trilhamos, mas dali não saímos.
Por vezes conseguimos, e também não estou a ser tão pessimista, mudar muitas coisas na nossa vida, mas acabamos por criar novos labirintos, onde nos passamos a movimentar.
Como escrevi hà bem pouco tempo a uma Grande Amiga:
C'est la vie, ma chérie !

2006-12-10

Destinos

O oposto de podermos ver as nossas memórias seria podermos antecipar o nosso destino. Seria agradável? Sabermos tudo o que nos aconteceria? Nã...

Eu sempre gostei da sensação de poder controlar o meu destino. Embora reconheça que no dia a dia, pouco controlamos. Mas também sei que o meu dia a dia é fruto das decisões que fui e vou fazendo.

Olhando para trás podemos reconhecer vários momentos em que uma decisão alterou o nosso destino. Onde e com quem poderíamos estar hoje?

And you may find yourself living in a shotgun shack
And you may find yourself in another part of the world
And you may find yourself behind the wheel of a large automobile
And you may find yourself in a beautiful house, with a beautifulWife
And you may ask yourself-well...how did I get here?


Memórias

Depois de alguma busca encontrei alguns textos escritos há uns anos. Houve outros que se perderam e muitos que não passaram à escrita.
Houve (muitos) momentos em que gostaria de ter tido um gravador à mão para deixar registado os pensamentos e histórias que me assaltaram.

Gostaríamos de poder ter um DVD com o filme da nossa vida? Corriamos o risco de deixar de viver o presente e ficar indefinidamente a ver os bons momentos passados. E se fosse em realidade virtual? Em vez de os vermos, tornarmos a vivê-los? Tentador...?



2006-12-08

O principio

E pronto. Criei um blog.
Será que vai dar alguma coisa?
Bem, o facto de o ter criado é um primeiro passo.
Talvez assim consiga fazer uma coisa que tanto gosto de fazer quando o faço, escrever.