2006-12-30

A propósito do referendo

Ou é da época natalicia, ou eu ando distraído, ou ainda está tudo muito calmo acerca do referendo de 11 de Fevereiro. Os únicos sinais que vi foram uns posts em alguns blogs e uns outdoors, pelo Não. Aliás um era mesmo infeliz, qualquer coisa como o meu dinheiro não vai servir para financiar clinicas de aborto. Se eu tivesse duvidas, este cartaz far-me-ia votar pelo Sim.

Nas próximas semanas deve começar a gritaria. Provavelmente com o barulho vai-se conseguir baralhar a discussão e passa-se a discutir se se é a favor ou contra a IVG, em vez se se é a favor ou contra a despenalização da IVG.

Porque contra o aborto ninguém é a favor. A decisão de abortar nunca é fácil e também não é fácil passar pela experiência. As razões são muitas e algumas mais válidas que outras, e cada um em consciência deverá decidir o que fazer. Não é por ser ilegal que não se fazem abortos todos os dias em Portugal e se vai a Espanha fazê-los. E será necessário ainda piorar a experiênica de quem tem que passar por tudo, associando a ilegalidade e o risco de condenação?

Outra coisa é ser a favor da condenação das pessoas que decidem fazer a Interrupção Voluntária da Gravidez. Acharão que por ser legal haverá mais pessoas a fazê-lo, passará a ser uma rebaldaria? Será que estas pessoas quando ouvem na TV, noticias da condenação de algumas mulheres que foram apanhadas numa parteira que fazia "desmanchos" ficam satisfeitas por se fazer justiça? Desconhecem, ou não querem saber que essas desgraçadas só foram apanhadas e condenadas, porque não tinham dinheiro para ir a boas clinicas em Portugal ou em Espanha?

Posso estar a ver mal o problema e sei que haverá quem discorde destas linhas, mas penso que a verdadeira questão deste referendo é saber se as mulheres deste país deverão continuar a ser condenadas por fazer IVG? Aquelas que não têm dinheiro, claro, pois essas é que correm mais riscos de ser apanhadas, por não poderem ir às boas clinicas.

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